A Imunodeficiência Viral Felina (FIV) etiologicamente, é causada por um vírus pertencente à família Retroviridae, subfamília Orthoretrovirinae, gênero Lentivirus, sendo o mesmo gênero causador do HIV. A maior parte dos felídeos são susceptíveis ao FIV. Atualmente, já foram identificados cinco subtipos de FIV, na qual, estes são denominados como A, B, C, D, E, sendo os subtipos mais identificados, o A e o B.
É uma doença que acomete o sistema imunológico. A infecção acarreta na falha da imunidade celular devido a redução dos linfócitos T helper e posteriormente comprometimento da imunidade humoral, deixando o felino susceptível a outras patologias.
Transmissão
A FIV é transmitida aos gatos pela inoculação do agente viral contido na saliva infectada, geralmente durante lambeduras,mordeduras e brigas. Pode, também, ser transmitido por meio da transfusão sanguínea, via transmamária, transplacentária(dependendo da carga viral em que a fêmea carrega), e sexual. Embora incomum para FIV, o sêmen de gatos infectados frequentemente contém infecções vírais, além de mordidas quepodem ocorrer durante o acasalamento. Filhotes infectados podem ter infecções agudas em 70% dos casos.
Após a transmissão existem 3 fases, a fase aguda, o gato apresenta sinais brandos, em seguida, o gato progride para fase assintomática, na qual permanece por boa parte da vida. Amaior parte desses gatos não são diagnosticados, a não ser que sejam testados, e estes podem progredir para uma fase sintomática, de disfunção imunológica progressiva.
Figura 1: Ciclo de transmissão da FIV e suas fases.
Sinais Clínicos
Os soropositivos são susceptíveis a infecções oportunistas secundárias devido a imunossupressão no organismo do animal, levando a um fácil adoecimento, e muitas vezes ficam impossibilitados de cura ou qualquer tipo de recuperação. A doença, notoriamente, não apresenta uma sintomatologia.Alguns felinos não apresentam nenhum tipo de sinal clínico, o diagnostica dá-se quando não há melhora em casos de enfermidades simples, como por exemplo, gripes.
As complicações mais comuns estão relacionadas as infecções secundárias associadas ao vírus que podem ser de quadros deenterite, dermatite, gengivite, doença respiratória crônica e desordens oftálmicas. Por volta de 5% dos felinos infectados por FIV desenvolvem uma encefalite, podendo apresentardistúrbios de comportamento, convulsões, demência, e dificuldade para se locomover.
Figura 2. Animal positivo para o FIV com complexo gengivite-estomatite, faringite, com lesões ulcero-proliferativas e hiperplasia.
Figura 3. Pulmão de animal portador do FIV com quadro de pneumonia bacteriana. Notar pontos de supuração e estrias de pus.
Diagnostico
Para o diagnóstico é necessário a realização de exames clínicos e laboratoriais, contando também com a anamnese juntamente aos tutores responsáveis pelo animal. Um dos métodos de diagnóstico mais conhecidos atualmente é o “teste rápido de FIV e FELV”. Atualmente existem diversos métodos de diagnosticar um animal com FIV, o mais rápido é o teste sorológico ELISA, por identificar anticorpos específicos do antígeno p24. No teste sorológico podem ocorrer falsos-negativos quando realizado no início da infecção já que muitas vezes o organismo produziu baixa quantidade de anticorpos específicos, sendo então, necessário repeti-lo algumas semanas depois. Filhotes de fêmeas soropositivas para FIV podem apresentar falsos-positivos devido a anticorpos maternos persistentes e deverão ser novamente testados às 16 semanas de idade. É possível ainda utilizar a reação em cadeia de polimerase (PCR), é um dos métodos de diagnóstico mais seguros, pois este identifica o vírus a partir da primeira à terceira semana após infecção, mas usado em função do seu custo benefício.
Figura 4: Testes sorológicos para FIV/FELV
Tratamento
Não há tratamento especifico para a FIV, apenas tratamento suporte para manter a qualidade de vida. Realiza-se controle dos sinais clínicos secundários a imunodeficiência, como, antibióticos, imunomoduladores e antirretrovirais. A vacina para a FIV, Fel-o-Vax FIV, ainda não está disponível no Brasil. É uma vacina inativada de vírus inteiro, subtipo duplo (classes A e d) combinado com um adjuvante. A variabilidade na eficácia da vacina tem sido notada. Um estudo australiano (o único estudo de campo publicado até o momento) descobriu que a vacina tinha uma taxa de proteção de 56%.
Manejo e prevenção
Deve-se estar atento aos sinais que ele possa apresentar. Leva-lo ao veterinário para consultas e exames de rotina, visto que gatos infectados com FeLV ou FIV devem receber exames preventivos de saúde pelo menos a cada 6 meses para detecção imediata de alterações seu estado de saúde. Os veterinários devem obter um histórico detalhado para ajudar a identificar alterações.
Conclusão
A adoção de gatos portadores de retroviroses deve ser estimulada, uma vez que esses animais apresentam maior sobrevida e qualidade de vida sob os cuidados adequados. Pesquisas indicam que a maioria dos adotantes de gatos FIV/FeLV positivos tiveram boas experiências e voltariam a adotar gatos com retroviroses. Para que se alcance excelência nos métodos de prevenção é essencial que haja uma parceria entre tutor e veterinário, assim, prover a melhor assistência para eles garantindo seu bem-estar.
Bibliografia:
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