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Foto do escritorDanelle Lins

Linfoma alimentar felino

O que é linfoma?

O linfoma (linfadenoma/linfossarcoma) é o nome dado à patologia (benigna ou maligna) decorrente da proliferação “anômala” do tecido linfoide.

Referido tecido é encontrado em diversas partes do corpo, nos denominados linfonodos, e tem como função a produção e/ou maturação das células do sistema imunológico (linfócitos), que, por sua vez, protegem o organismo de patógenos ou antígenos invasores (parasitas, vírus, bactérias, etc.).

Como regra, o sistema imunológico, enquanto mecanismo de defesa/proteção do organismo, tem a habilidade de distinguir os elementos próprios e os não próprios do organismo, para fins de atuação dos linfócitos.

Ocorre que, em certos casos, o tecido linfoide inicia a proliferação de linfócitos com a habilidade de distinção comprometida e, tais células, dado à anomalia, podem iniciar “ataques imunológicos” a tecidos do organismo, gerando massas anormais de tecidos em diferentes partes do corpo, denominadas neoplasia/linfomas. Os linfomas podem ser benignos ou malignos.


O linfoma alimentar felino

Especificamente nos felinos, o linfoma é a neoplasia mais comum e decorre da proliferação clonal dos linfócitos sendo, preponderantemente, de forma maligna. As neoplasias são classificadas conforme os contornos anatômicos de sua manifestação, a saber: mediastinal, multicêntrico, cutâneo, de tecidos extranodais (sistema nervoso, renal e nasal) e alimentar.

O linfoma alimentar, objeto do presente texto, é a neoplasia mais diagnosticada nos felinos, representando 90% das neoplasias identificadas na espécie. Referida neoplasia não tem predileção de raça, sexo ou idade do animal, mas, em geral, a maioria dos gatos afetados são idosos, machos e com alguns fatores de risco (inflamações e infecções crônicas, exposição ambiental à fumaça de tabaco, etc.).

No passado, havia uma correlação direta entre doenças imunossupressoras (como a leucemia felina – FeLV) e o linfoma alimentar, mas, recentemente, estudos clínicos tem apontado que somente 25% (vinte e cinco por cento) dos gatos com linfoma detém FeLV positivo nos Estados Unidos. No Brasil não há estudos específicos sobre o tema.

O linfoma alimentar se desenvolve em regiões do trato gastrointestinal, principalmente linfonodos regionais, intestino e estômago, e, em alguns casos, no fígado e baço, sendo classificado de forma histológica e imunofenotípica, da seguinte forma:

a) Linfoma alimentar de baixo grau – LABG: Linfocítico, bem diferenciado e de pequenas células;

b) Linfoma alimentar de grau intermediário – LAGI: Celularidade mista;

c) Linfoma alimentar de alto grau – LAAG: Linfoblástico, pouco diferenciado e de grandes células;

d) Linfoma alimentar de grandes células granulares – LGCG: Qualquer grau histológico, grandes células granulares.

O linfoma linfoblástico, atualmente, é tido como a forma mais agressiva da doença, seguindo, abaixo, uma tabela comparativa entre as categorias de linfoma alimentar felino (retirada de SILVA, Jennifer Godoy Kepler da, “Diagnóstico e tratamento do linfoma alimentar felino – revisão de literatura”, 2021):


Diagnóstico

As principais evidências clínicas identificadas nos felinos acometidos pelo linfoma alimentar são a anorexia, a perda de peso, o vômito (êmese), o desconforto abdominal e a diarreia.

Diante da existência de evidências clínicas, recomenda-se, em uma análise preliminar, a realização de exames laboratoriais (hemograma, bioquímico, testes sorológicos para a imunodeficiência felina e a leucemia felina) e exames de imagens (radiografia e ultrassonografia abdominal).

Conforme indica Azevedo, I. N. D., Ferreira, C. D. B. ., Vasconcelos, J. S. L. D. ., Costa, M. B. M. V., & Nunes, Y. F. (2021)., “as alterações laboratoriais incluem: anemia normocítica normocrômica não regenerativa, leucocitose com aumento de neutrófilos bastonetes, hipercalcemia, hipoalbuminemia e hipoproteinemia e são decorrentes do comprometimento da medula óssea pela neoplasia ou pela destruição celular ou pelo sequestro esplênico”.

Em evolução/conclusão do diagnóstico, também se utilizam os exames de citologia aspirativa por agulha fina (PAAF) guiada por ultrassom, endoscopia, laparoscopia, histopatologia, imuno-histoquímica, citometria, testes de clonalidade (reação em cadeia polimerase – PCR) e diagnóstico diferencial.

Finalizado o diagnóstico clínico/laboratorial, deve ser realizado o estadiamento da doença, delimitando a sua extensão e a presença, ou não, de metástases, conforme estágios abaixo indicados (retirado de Azevedo, I. N. D., Ferreira, C. D. B. ., Vasconcelos, J. S. L. D. ., Costa, M. B. M. V., & Nunes, Y. F. (2021):


Tratamento e Prognóstico

Diagnosticado o linfoma alimentar e a sua extensão, o tratamento inicial indicado é a quimioterapia, que deve ser iniciada tão logo o paciente tenha condições físicas. A quimioterapia deve ser realizada com variações de combinações farmacológicas, taxas de resposta e duração do tempo de remissão, de acordo com o estágio do linfoma (ULIANA, Luciana Moreira do Amaral, 2021).

Além da quimioterapia, a depender do quadro clínico e diagnóstico apresentado, é possível a utilização de tratamentos complementares de suporte, radioterapia ou, ainda, conforme necessidade, cirurgia local para retirada do linfoma.

O prognóstico de resultado favorável do tratamento depende da resposta inicial à quimioterapia (ou outro meio de tratamento utilizado) e da ocorrência ou não de remissão. Estudos indicam que o quanto antes a doença é identificada, maior a probabilidade de um prognóstico positivo no tratamento. Animais responsivos aos tratamentos iniciais também apresentam maior tempo de sobrevivência.


REFERÊNCIAS


Azevedo, I. N. D., Ferreira, C. D. B. ., Vasconcelos, J. S. L. D. ., Costa, M. B. M. V., & Nunes, Y. F. (2021). ALTERAÇÕES CLÍNICAS E LABORATORIAIS EM GATOS ACOMETIDOS POR LINFOMA ALIMENTAR. Revista Multidisciplinar Em Saúde, 2(3), 31. https://doi.org/10.51161/rems/1845


https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/250024/001151511.pdf?sequence=1&isAllowed=y


http://www.oncoguia.org.br/conteudo/o-tecido-linfatico/5895/788/#:~:text=O%20tecido%20linfoide%20%C3%A9%20encontrado,tor%C3%A1cica%2C%20abdome%20e%20pelve)


https://www.unifal-mg.edu.br/histologiainterativa/sistema-linfoide/


https://www.rededorsaoluiz.com.br/doencas/neoplasia#:~:text=A%20neoplasia%20%C3%A9%20uma%20massa,de%20crescimento%20e%20riscos%20diferentes

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