Síndrome do Gato Paraquedista ou High-Rise Syndrome é um conjunto de lesões encontradas em felinos que caem de grandes alturas, mais precisamente a partir do segundo andar de um prédio.
Ao longo das décadas houve um aumento da popularidade dos gatos domésticos, especialmente em pessoas que residem em apartamentos pois estes são mais independentes do que cães, não necessitam de passeios, usam a caixinha de areia para fazerem suas necessidades, além de serem limpos e silenciosos. Porém, com o confinamento os felinos passaram a apresentar alterações comportamentais, fisiológicas e predisposição ao estresse.
Os gatos são ágeis, curiosos e possuem um senso de equilíbrio apurado que pode ser alterado pelo instinto da caça ao observar um pássaro ou outro animal que atraia sua atenção, consequentemente, o felino acaba caindo da janela do prédio.
Outro fator que pode estar relacionado a quedas é o estresse pois gatos são animais de hábitos rotineiros e sensíveis a qualquer mudança ambiental, como por exemplo, festas, obras, chegada de um novo membro humano ou animal e até troca de móveis.
Acidentes por quedas ocorrem em felinos de todas as idades, mas existem dados que mostram que são mais frequentes em gatos jovens devido maior atividade de caça, brincadeiras e inexperiência aos perigos. Os estudos apontam que não há relação com sexo e/ou castração.
Estes casos passaram a serem chamados de “Síndrome do Gato Paraquedista”.
Observou-se que, quando os felinos caem a partir do sexto andar, por possuírem um mecanismo de equilíbrio e capacidade de mudar o posicionamento do corpo durante a queda, eles corrigem a postura para a posição quadrupeda e afastam os membros como num voo de esquilo (planado ou de paraquedas), se comportando como paraquedista e consequentemente reduzindo a velocidade de impacto na queda. Dessa maneira os gatos minimizam as lesões, pois o impacto é distribuído pelo corpo. Entretanto, quando a queda é de uma altura menor ou igual a seis andares o gato não plana e o choque com o solo se dá sobre as quatro patas, ocasionando danos mais graves.
Lesões
As lesões e fraturas encontradas nessas quedas são: faciais, torácicas e principalmente ortopédicas. Podemos destacar lesões na tíbia e fêmur, sínfise mandibular, fratura de mandíbula, fraturas dentárias, luxação de articulação, contusão pulmonar, pneumotórax e ruptura de bexiga.
Prognóstico
O prognóstico do felino depende do grau da lesão e da altura da queda portanto observa-se que acima do sexto andar a taxa de mortalidade é menor.
Quando o gato sofre o acidente precisa ser levado imediatamente ao médico veterinário para estabilização do quadro e avaliação clínica pois as primeiras horas são as mais críticas e decisivas.
Sabendo das graves consequências da Síndrome do Gato Paraquedista algumas medidas relativamente simples podem ser tomadas para evitarem a queda como telar as sacadas/varandas, todas as janelas do apartamento, inclusive as janelas basculantes (banheiro e lavanderia) e criar um ambiente gatificado com arranhadores e brinquedos para o felino poder brincar e distrair sem perigo.
Referências
FARIA, M.L.E. Síndrome do Gato Pára-Quedista: Traumatismo por Queda. In: DE SOUZA, Heloisa Justen M. Coletâneas em medicina e cirurgia felina. LF Livros,2003. cap 33. p. 405-422.
FERNANDES, Sandy S. Síndrome do Gato Paraquedista - Estudo Retrospectivo de 78 casos (2013-2016). Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Faculdade de Medicina Veterinária, Lisboa, 2017.
OXLEY, J. & MONTROSE, T. High-rise syndrome in cats. Veterinary Times, Vol. 46. pag. 10-12, out. 2016. Disponível em: http://www.vbd.co.uk
PAPAZOGLOU, L. G. High-rise syndrome in cats: 207 cases (1988-1998). 2001.
RODAN, I. & HEATH, S. Feline Behavioral Health and Welfare. Pp. 14. Elsevier. StLouis, 2016.
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